EUA e Irã farão negociações em Roma para tentar acordo nuclear

Irã e Estados Unidos realizarão uma nova rodada de negociações nucleares em Roma no sábado (19) para tentar resolver o impasse que já dura décadas sobre os objetivos atômicos de Teerã, sob a sombra da ameaça do presidente Donald Trump de recorrer à ação militar caso a diplomacia fracasse.

O chanceler iraniano Abbas Araqchi e o enviado de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, negociarão indiretamente por meio de mediadores de Omã, uma semana após uma primeira rodada em Mascate que ambos os lados descreveram como construtiva.

Araqchi chegou a Roma para participar da segunda rodada das negociações, de acordo com uma publicação em sua conta no Telegram. Ele afirmou em Moscou na sexta-feira que o Irã acredita ser possível chegar a um acordo com os Estados Unidos sobre seu programa nuclear, desde que Washington adote uma postura realista.

Teerã, no entanto, tentou conter as expectativas sobre um acordo rápido, após alguns oficiais iranianos especularem que as sanções poderiam ser suspensas em breve. A mais alta autoridade do Irã, o líder supremo aiatolá Ali Khamenei, afirmou esta semana que não está “nem excessivamente otimista nem pessimista”.

Por sua parte, Trump disse a repórteres na sexta-feira: “Sou a favor de impedir que o Irã tenha uma arma nuclear, muito simplesmente. Eles não podem ter uma arma nuclear. Quero que o Irã seja grande, próspero e incrível.”

Trump, que abandonou o acordo nuclear de 2015 entre o Irã e seis potências durante seu primeiro mandato em 2018 e restabeleceu sanções severas contra Teerã, retomou sua campanha de “pressão máxima” sobre o Irã desde que retornou à Casa Branca em janeiro.

Washington quer que o Irã interrompa a produção de urânio altamente enriquecido, que acredita estar voltada para a construção de uma bomba atômica.

Teerã, que sempre afirmou que seu programa nuclear tem fins pacíficos, diz estar disposto a negociar algumas restrições em troca do levantamento das sanções, mas exige garantias firmes de que Washington não voltará atrás, como fez Trump em 2018.

Desde 2019, o Irã violou e superou amplamente os limites do acordo de 2015 sobre o enriquecimento de urânio, produzindo estoques muito acima do que o Ocidente considera necessário para um programa de energia civil.

Um alto funcionário iraniano, que descreveu a posição de negociação do Irã sob condição de anonimato, listou as linhas vermelhas do país: jamais concordar em desmantelar suas centrífugas de enriquecimento de urânio, interromper completamente o enriquecimento ou reduzir seu estoque de urânio enriquecido abaixo dos níveis acordados em 2015. O Irã também rejeita negociar sobre capacidades de defesa, como mísseis.

Embora tanto Teerã quanto Washington tenham afirmado estar comprometidos com a via diplomática, ainda há uma grande distância entre os dois lados na disputa que já se arrasta há mais de duas décadas.

Witkoff e Araqchi interagiram brevemente ao final da primeira rodada na semana passada, mas os representantes dos dois países não realizam negociações diretas desde 2015, e o Irã afirmou que as conversas em Roma também ocorrerão de forma indireta, por meio dos mediadores de Omã.

A Rússia, que é parte do acordo nuclear de 2015 com o Irã, se ofereceu para “ajudar, mediar e desempenhar qualquer papel” que seja benéfico para o Irã e os Estados Unidos.

noticia por : UOL

20 de abril de 2025 8:19