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No mês do aniversário de 60 anos da TV Globo, chegam às livrarias obras que investigam a história da emissora.
Fundada por Roberto Marinho e mantida no ar por seus filhos, a emissora atravessou episódios como a ditadura militar, a redemocratização e a pandemia de Covid-19, se adaptando a cada um desses períodos.
É essa trajetória que o jornalista Ernesto Rodrigues disseca em um amplo livro-reportagem de cerca de 2.000 páginas, dividido em três volumes lançados pela Autêntica.
O primeiro, “Hegemonia”, publicado em 2024, apresenta um canal de televisão iniciante: com problemas técnicos, baixa audiência e programação fraca. Diante desse cenário, a Globo se aproxima do regime militar, em uma relação complexa que Rodrigues define como “subserviência imposta”.
Já Leonencio Nossa, jornalista que também lança agora o segundo volume de sua biografia de Roberto Marinho, pela Nova Fronteira, interpreta esse alinhamento como “medo de perder a concessão” da emissora.
O segundo volume de Rodrigues, “Concorrência”, que sai neste mês, conta como a emissora competiu pela liderança da TV brasileira contra canais como SBT, Manchete e Record. Nesse período, segundo o crítico Mauricio Stycer, ela apoiou a transição democrática e continuou a usar seu alcance para defender seus próprios interesses políticos e econômicos.
“Metamorfose”, o último livro da série, ainda inédito, tratará das mudanças que a Globo precisou enfrentar a partir da virada do século, com a chegada da internet, das redes sociais e do streaming. Rodrigues então investiga como a emissora encontra seu lugar em um mundo muito diferente daquele em que surgiu.
Acabou de Chegar
“Na Ponta da Língua” (Companhia das Letras, R$ 69,90, 272 págs., R$ 29,90, ebook) estabelece um diálogo franco com o leitor, estilo que marca o autor Caetano Galindo. Ao contar a historia da língua portuguesa, Galindo deixa claro desde o começo que “o português do dia a dia é feito mais de pangarés do que de garanhões”, como aponta o repórter Diogo Bachega.
“Alguém Sobrevive Nesta História” (Todavia, R$ 76,90, 224 págs., R$ 54,90, ebook) tem como protagonista um adolescente mimado que sente culpa por seus privilégios. Para o jornalista Ivan Finotti, o primeiro livro do cineasta brasileiro Felipe Poroger lembra “O Complexo de Portnoy”, clássico de Philip Roth que se desenrola como uma longa confissão no divã.
“Aula de Teatro” (Veneta, R$ 159,90, 272 págs.), de Nick Drnaso, questiona de que forma pessoas como Osho e Charles Manson conseguiram cooptar seguidores. Na HQ, um grupo de pessoas se reúne em aulas gratuitas de teatro em que o professor Smith desperta inquietações com suas histórias. Para o repórter Lucas Monteiro, “Drnaso veria em Pablo Marçal um excelente material de trabalho”.
E mais
Prestes a ser publicado, o diário de Joan Didion, que foi descoberto após sua morte, revela aspectos da vida da autora que ela manteve privados. Contando de suas sessões com o psiquiatra Roger MacKinnon, Didion revela um câncer que foi curado com radioterapia e um relacionamento abusivo que viveu antes de se casar com seu marido, John Dunne.
“1964 – Imagens de um Golpe de Estado” reúne imagens do período que vai de novembro de 1963 a 15 de abril de 1964. Entre fotos relevantes e pouco conhecidas, a obra passeia por alguns dos principais episódios de tensão política da história brasileira. O historiador Danilo Marques, um dos organizadores do livro, afirmou ao repórter especial Naief Haddad que “perspectivas e detalhes que muitas vezes passam despercebidos” foram levados em conta na seleção das imagens.
Pela primeira vez desde 1984, o Brasil não tem nenhum escritor ou ilustrador indicado ao prêmio Hans Christian Andersen, considerado o Nobel da literatura infantojuvenil. O Blog Era Outra Vez conta que, ao longo de 41 anos, brasileiros sempre estiveram firmes e fortes na lista.
Além dos Livros
A Festa da Palavra, festival literário que acontece pela primeira vez em Itaúnas, tomará as ruas da cidade capixaba entre os dias 21 e 24 de maio. O diferencial, segundo o Painel das Letras, é que o evento tem tanto interesse na palavra escrita quanto na falada. O evento tem direção da escritora e atriz Elisa Lucinda e reunirá nomes como Ailton Krenak, Itamar Vieira Junior e Eliana Alves Cruz.
O festival Poesia no Centro, que acontece no Teatro Cultura Artística e em outros locais do centro de São Paulo dedicados à literatura, anunciou seus autores convidados nesta semana. Entre nomes nacionais e internacionais estão Ana Martins Marques, Oswaldo de Camargo, Angélica Freitas e Tracy Smith. Iniciativa da livraria Megafauna, o evento ocorre de 16 a 18 de maio.
A primeira biblioteca pública de São Paulo completa 200 anos. Ela foi inaugurada em 24 de abril de 1825, nos fundos do convento dos franciscanos, no largo São Francisco, e dois anos depois deu origem à Faculdade de Direito da USP. A repórter Laura Mattos conta que o acervo atual tem mais de 300 mil livros, incluindo aproximadamente 6.500 obras raras, editadas até o século 19. A mais antiga delas é um exemplar da “Divina Comédia” de Dante Alighieri, publicado em 1520.
noticia por : UOL