Anistia seria mais um golpe contra a democracia

Por isso, em homenagem a cada uma daqueles nossos tios, avós, amigas, pais, vizinhos, filhas e todos os demais brasileiros que padeceram, nós – os sobreviventes – temos a responsabilidade de dizer: “sem anistia”.

Em seu livro, Juliana Monteiro nos relembra com uma precisão a crueldade daquele momento. Diz ela sobre o dia 16 de abril de 2020:

Nesse dia, o governo brasileiro trocou pela primeira vez o ministro da Saúde. Era preciso encontrar um homem que se prestasse a desconsiderar o consenso científico e os protocolos da comunidade internacional e assumir a tragédia em um país com mais de 200 milhões de habitantes.

Era preciso encontrar um verdadeiro canalha. Foi escolhido um médico de quem nunca se soube muito, mas que não suportaria o cargo. O país permanecia sem comando, com governadores e prefeitos deliberando solitariamente sobre as medidas sanitárias de seus estados enquanto o governo federal e o presidente não poupavam esforços para desacreditar as medidas de contenção e os avisos da ciência.

No Brasil, a quarentena era opcional, “free style”, como definia Rafaela, cada brasileiro decidia como se proteger segundo o alcance dos seus privilégios e, inacreditavelmente, a ideologia política. Os apoiadores do governo não acreditavam no vírus, zombavam da doença nas redes sociais e produziam aglomerações. Teve alegoria de caixão, para zombar dos quase 2 mil mortos, desfilando na principal avenida da maior cidade do país. O presidente, sobretudo, o presidente.

noticia por : UOL

20 de abril de 2025 2:21