Governo se perde no lero-lero

Quando se ouve presidente e ministros falarem sobre o que se pretende fazer em Brasília para baixar o preço dos alimentos vem à mente o personagem Rolando Lero. Aquele que, ao não saber a resposta à pergunta do professor Raimundo, enrolava o mestre com um entra e sai de frases vazias. Está assim o governo desde que se deu conta do efeito nefasto da inflação no humor das pessoas.

Nem se pode dizer que tenha acordado tarde, pois quando o presidente Luiz Inácio da Silva (PT) diz que ainda “é cedo” para a população fazer uma avaliação justa de sua gestão, sugere apenas um leve despertar. A crise do Pix provocou uma sacudida no sono gostoso do negacionismo, a queda de popularidade com perda expressiva de apoio no Nordeste fez tremer as bases, mas não foi suficiente para um alinhamento de posições.

As autoridades dizem cada qual uma coisa diferente para “explicar” como vai se dar a solução e, ao final da explanação, ficamos na mesma sobre o rumo a ser seguido. Na primeira entrevista já nos moldes da nova comunicação, o presidente abordou vários assuntos a respeito dos quais mais enrolou que esclareceu.

Lula só foi assertivo ao se negar a adotar uma política mais austera nas contas a fim de assegurar a estabilidade econômica, condição básica para se almejar o desenvolvimento. Segue, assim, na direção contrária aos muitos que há tempos avisam sobre o risco inflacionário das escolhas equivocadas.

Os alertas agora começam a surgir no campo político. Gilberto Kassab (PSD) não é de desperdiçar palavras e foi explícito: governo sem ministro da Fazenda forte é governo fraco. Daí o juízo de que nas condições de hoje Lula perderia a eleição.

Em público Kassab não pretende alimentar o tema, mas a interlocutores próximos tem externado a impressão de que há algum ruído entre Lula e o ministro Fernando Haddad. Se lhe fosse pedido um conselho, diria ao presidente: fortaleça o ministro ou o substitua por alguém que o convença a fazer o certo.


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noticia por : UOL

2 de fevereiro de 2025 13:49