'Papai, o que vai acontecer com a gente quando Trump começar seu governo?'

De repente, como se eu tivesse colocado outras lentes, aqueles passageiros do ônibus pareciam ter outro destino, outro significado.

Trump venceu prometendo a maior operação de deportação em massa da história e que, reforçando a crueldade dos “homens de bem”, começaria a ofensiva atacando os locais de trabalho.

Conseguiu colocar diferentes gerações de imigrantes uns contra os outros. Convenceu aqueles que já estavam no país há anos que era hora de fechar a porta para outros, sob a ameaça de que o sonho americano do primeiro grupo jamais se concretizasse.

Quando o poder está tão distante e inacessível, as bases olham para seus vizinhos como inimigos.

Mais recentemente, Trump instrumentalizou o ataque terrorista em Nova Orleans para justificar seu lema de campanha contra os estrangeiros. Antes mesmo de o mundo conhecer a identidade do autor do terrível crime, o presidente eleito foi às redes sociais para colocar a culpa nos estrangeiros. Horas depois, seria revelado que o homem tinha nascido no Texas e era um veterano do exército americano, ainda que de uma família de origem estrangeira.

Conversando com outros estrangeiros nos EUA, notei que o medo em relação ao governo Trump não tem relação apenas com o que sua administração fará. Mas o que ele autorizará, de forma subliminar, ao inconsciente coletivo de uma nação repleta de ódio, dividida e armada.

noticia por : UOL

23 de janeiro de 2025 1:12