Nunes diz que afastamento de diretores de escolas para requalificação é 'processo normal'

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), defendeu a decisão de afastar diretores de escolas com menor resultado em avaliações externas. Para ele, os profissionais não tiveram demonstraram um desempenho satisfatório na gestão das unidades, por isso, devem ser requalificados.

Conforme mostrou a Folha, a gestão Nunes decidiu afastar 25 diretores de escola do cargo em que ocupam. Eles foram convocados a fazer um curso de requalificação até o fim do ano letivo. Ou seja, ficarão afastados do cargo de direção das unidades durante esse período.

“O desempenho com a gestão educacional das unidades não está sendo satisfatório. [E vamos seguir com] um processo normal para qualquer profissional. Um jornalista, um policial, médico, enfermeiro, qualquer profissional está sujeito a passar por uma requalificação e aprimorar seus conhecimentos”, disse Nunes nesta segunda-feira (2) em entrevista coletiva.

Ainda nesta segunda, o secretário de Educação, Fernando Padula, reuniu os diretores afastados para uma apresentação sobre o curso. A reunião, no entanto, foi encerrada minutos após o início.

Os diretores se recusaram a continuar a reunião após o secretário avisar que deixaria o encontro para seguir para outros compromissos. Padula fez uma fala de menos de cinco minutos e deixou o local.

Profissionais ouvidos pela reportagem disseram se sentir desrespeitados, pois queriam tirar dúvidas e entender o motivo da escolha de suas unidades.

Conforme mostrou a Folha, o afastamento compulsório dos diretores gerou preocupação entre os professores da rede e acadêmicos que trabalham em parceria com escolas municipais, já que afirmam não haver critérios claros para a medida. Defendem ainda que a decisão desconsidera outros resultados educacionais importantes obtidos por essas comunidades escolares.

Entre as unidades afetadas, por exemplo, estão escolas que receberam prêmios nacionais e internacionais pelo trabalho pedagógico que desenvolvem. Esses colégios também em extrema vulnerabilidade social e alegam não ter estrutura adequada, enfrentando falta de professores e assistentes de apoio para crianças com deficiência.

Nunes, no entanto, voltou a responsabilizar os diretores e professores pelos maus resultados. “Temos escolas na mesma região da cidade com resultados do Ideb [indicador federal] muito diferentes. Os professores recebem o mesmo salário, o diretor recebe o mesmo salário. A merenda, o uniforme e o material didático são os mesmos, mas o desempenho do aluno é muito diferente. Então, existe essa ação para preparar esses diretores”, disse.

Na Justiça

A Justiça estabeleceu na noite de quinta-feira o prazo de 72 horas para que a gestão Ricardo Nunes se manifeste sobre o afastamento dos diretores. A determinação atende a uma ação popular movida pela Bancada Feminista do PSOL, representada pela vereadora Silvia Ferraro, pedindo a suspensão imediata da política.

A Procuradoria-Geral do Município disse ter sido notificada da decisão na sexta-feira e afirma que vai se manifestar no prazo determinado.

O Ministério Público de São Paulo também cobrou na quinta explicações sobre os critérios utilizados para o afastamento, dando prazo de cinco dias para resposta.

Ao menos três professores se recusaram a assumir o comando das escolas em que os diretores foram afastados. No lugar deles, seriam colocados assistentes de direção designados pelas Diretorias Regionais de Ensino. No entanto, após reunião com sindicatos, a prefeitura decidiu permitir que diretores afastados de escolas da capital escolham seus substitutos.

A gestão Nunes também suspendeu o cronograma do programa de requalificação, batizado de Aprimorando Saberes. “Em reunião realizada na última quinta com os sindicatos que representam os servidores, a pasta manteve aberto o diálogo para aprimoramento e organização do cronograma, que vai de junho a dezembro”, declarou a secretaria.

noticia por : UOL

7 de junho de 2025 9:33