“Alguns chefes de Estado e de governo queriam que tudo continuasse como antes, quando as pessoas ainda podiam se deslocar livremente, sem precisar carregar documentos consigo. Também na esfera pública e na imprensa houve rejeição ao passaporte. As pessoas achavam que ele restringia a liberdade e feria a privacidade”, explica Diebolt. “Além disso, o passaporte estava associado a muita burocracia e trabalho.”
Um artigo publicado em 1926 no jornal americano New York Times chegou a se referir ao documento como um “aborrecimento”: “Os passaportes precisam ser mantidos como um elemento permanente das viagens? O sistema, que está na moda desde a guerra, é inconveniente, incômodo e impede a livre circulação entre as nações.”
Mas àquela altura já era tarde demais para mudar algo. Os membros da Liga das Nações não conseguiram chegar a um acordo sobre um mundo sem controle de fronteiras e passaportes.
O passaporte moderno e a desigualdade global
Até hoje o passaporte – um simples pedaço de papel – pode influenciar fortemente a vida de seu portador. E embora ninguém escolha que passaporte terá ao nascer, a nacionalidade determina para onde alguém pode viajar, onde pode permanecer e sob quais condições. Para alguns, isso pode significar uma série de privilégios; para outros, agruras sem fim.
Rankings de passaportes mostram quantos países cada documento permite acessar sem visto. No “Global Passport Power Rank 2025”, o primeiro lugar coube à potência petrolífera Emirados Árabes Unidos. Seus cidadãos podem visitar praticamente todos os países do mundo. Na outra ponta está a Síria, cujos cidadãos têm acesso sem visto a apenas nove países. Outro ranking, o Henley Passport Index, é liderado por Singapura, França e Alemanha, nesta ordem. O Brasil aparece nos dois rankings na 11ª e 18ª posição, respectivamente.
noticia por : UOL